SABORES DO NORDESTE: CANJICA

Publicado: 01/05/2015 em cultura
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A canjica é uma iguaria típica da culinária nordestina. Embora seja consumida o ano inteiro, o pico de demanda por essa sobremesa ocorre no período das festas juninas. Na região Nordeste é bastante consumida durante os festejos juninos, em que a mesma pode ser acompanhada com canela ou queijo de coalho, dependendo do gosto de quem consome.

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O sociólogo Gilberto Freyre, acredita que a canjica seria uma deliciosa herança dos Tupinambás, índios brasileiros, e que a palavra vem do termo tupi “acanjic”. Para Nei  Lopes (Novo Dicionário Banto do Brasil) a origem é africana e o termo que batiza o nosso prato junino tem origem no kimbundu, língua falada no Congo e Angola. O dicionarista vê no termo canjica uma metamorfose de “Kanzika”, papa grossa de milho cozido.

Já o filólogo Antonio Geraldo da Cunha (Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa) entende   que o termo viria de Kanji, termo da língua malaiala falada na região de Malabar, sudoeste da Índia e que significa “arroz com água”. Assim a  canjica teria origem asiática.

A canjica é um tipo de mingau elaborado com grãos de milho ralados. No preparo dessa especialidade, leva-se também leite de vaca, margarina, açúcar, água, leite condensado (opcional), leite de coco, pau, pó ou raspas de canela. A canjica é servida quente ou gelada.

Em 24 de fevereiro de 1989, a portaria nº 109 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento aprovou a norma de identidade, qualidade, apresentação e embalagem, da canjica de milho brasileira, devidamente assinada pelo Secretário em exercício da Secretaria de Serviços Auxiliares de Comercialização e pelo secretário Nacional de Abastecimento, definindo assim o conceito comercial de “milho de canjica”.

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“Plantando mandioca, plantando feijão, / colhendo café, borracha, cacau, /comendo pamonha, canjica, mingau, / rezando de tarde nossa Ave Maria, / Negramente… / Caboclamente… / Portuguesamente… / A gente vivia.”                           “História Pátria”, em O poeta por ele mesmo, de Ascenso Ferreira.

Em seu livro Cantadores, o cearense Leonardo Mota registrou estes versos de Matias Carneiro, repentista de Limoeiro (Pernambuco):

“Da desmancha a tapioca, / Da festa a galinha cheia, / Do gado miunça a ovêia, / inxuí, /Das noivas a que for rica, / Das Marias a Marica, / Da cantoria a “ligeira”, / Do roçado  a macaxeira, / Do milho verde a canjica.”

Inxuí é enxuí, um tipo de vespa conhecida pelo mel de boa qualidade que produz.

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Receita de canjica nordestina

Ingredientes:

— 20 espigas de milho grandes e de boa consistência;
— 2 côcos médios;
— 1/2 xícara rasa de manteiga;
— Açúcar a gosto;
— 1 pitada de sal.

Modo de preparo:

A partir do côco ralado e passado na peneira, extrai-se: um leite ralo, acrescentando-se um pouco de água; e um leite grosso. Reserve.

Rale o milho e passe numa peneira grossa, somente para tirar o bagaço. Em seguida, bata no liqüidificador com um pouco de água. Passe na peneira o líquido obtido. Acrescente água, se for necessário; e passe mais 2 vezes na peneira de nylon, para a canjica ficar bem fina.

Leve ao fogo esse caldo, junto com o leite ralo do côco, o açúcar, o sal e a manteiga, mexendo sempre. Quando o mingau endurecer, adicione o leite grosso do côco e mexa até ficar no ponto.

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