Arquivo de 01/02/2018

fev 1

Hoje, estamos começando o segundo mês de 2018, e daí vem a pergunta: alguma vez você já teve a curiosidade de saber porque é fevereiro só tem 28 dias enquanto os outros meses têm 30 ou 31? A culpa é dos romanos, ou da Lua, ou de quem quer que seja. Verdade é que fevereiro tem sido desde sempre o mês mais mal tratado dos calendários. Imagine-se que o primeiro calendário romano começava em março e só tinha dez meses – daí os nomes setembro (7), outubro (8), novembro (9) e dezembro (10).

Mas desde o primeiro calendário romano até aos dias de hoje muitas alterações foram feitas até chegarmos ao calendário pelo qual nos guiamos.

Portrait of Pope Gregory I

O calendário gregoriano, promulgado em 1582 pelo Papa Gregório XIII, é utilizado oficialmente pela maioria dos países. Nele, o mês de fevereiro tem 28 dias, e a cada quatro anos, 29. Essa distinção do segundo mês do ano para os demais pode ser explicada por uma sequência de ajustes feitos no calendário desde os últimos tempos da monarquia romana, no século VI a.C.

Os astrônomos antigos já tinham uma noção de equinócios e solstícios – logo, das estações. Os primeiros são em dezembro e em junho, marcando o início do verão e do inverno, respectivamente. É quando Sol em seu movimento aparente atinge a maior declinação a partir da linha do equador, fazendo com que a noite seja maior que o dia no inverno e o inverso no verão. Os equinócios acontecem no outono e primavera, quando estamos no meio termo e o dia e a noite tem durações mais próximas. O ciclo completo dura 365,242 dias.

Além disso, astrônomos observavam as fases da Lua: Nova, Crescente, Cheia e Minguante. Cada uma durava pouco mais de 7 dias e o ciclo completo dura 29,5 dias.

download

Os romanos criaram um calendário lunar, com dez meses com duração de 30 ou 31 dias, começando em Março e terminando em Dezembro. Mas esse ano não contemplava o calendário Solar, marcado pelas estações – e muito importante para a agricultura. Basicamente, eles pulavam o inverno que, no Hemisfério Norte, começa a partir de dezembro e dura os primeiros meses do ano. E isso começou a ficar confuso.

Foi então que Numa Pompilius, segundo rei de Roma, teve uma ideia. Como números pares eram considerados de mau agouro na Roma antiga, ele removeu um dia de todos os meses com 30 dias. Ou seja – abril, junho, sextilis (o agosto), setembro e novembro ficaram com 29 dias. Ele queria que o calendário cobrisse 12 ciclos da Lua, chegando ao número de 354 dias. Mas 354 é um número par – ops! Então ele arredondou o número para 355 dias, ganhando 57 dias extras. Ele dividiu esse número em dois novos meses e os colocou no fim do calendário. Sim, janeiro (de 29 dias) e fevereiro (de 28) já foram organizados depois de dezembro em um calendário anual.

Fevereiro ganhou 28 dias. Sim, é um número par – mas os romanos deixaram esse passar. Por que? Fevereiro, na época o último mês, era considerado um período de má-sorte. Então eles queriam que ele acabasse o quanto antes. Logo, não se importaram em deixar esses dias a menos.

fev 3

Ainda assim, o calendário de Numa Pompilius não coincidia com as estações. Depois de alguns anos, as estações não estavam em sincronia com seus meses e uma nova reforma se fez necessária. Aí fevereiro foi dividido em dois: 23 dias – e o resto. Aí para evitar a falta de sincronia entre o calendário e as estações, ano sim ano não esse ‘resto’ de cinco dias recebia um acréscimo de 27 dias. Se você odeia o ano bissexto esse esquema parece ainda mais confuso, certo?

Dessa forma a cada quatro anos os 1465 dias passados poderiam ser divididos em quatro partes de 366,25, que se aproxima mais do ciclo solar.

Se o calendário fosse organizado dessa forma as estações estariam mais próximas da realidade. Mas aí entra a política: pessoas incumbidas de cargos na república romana queriam estender seus mandatos, ou expulsar concorrentes. Então esses dias extras acabavam sendo adicionados mais por pressões da sociedade do que pelas estações, como no plano normal, e tudo voltou a ser confuso.

fev 4Quando Júlio César chegou ao poder em 49 a.C. as coisas já estavam completamente fora de sincronia. Por sorte ele havia passado um tempo no egito, onde os calendários de 365 dias eram populares. E então em 46 a.C. ele fez uma nova reforma no calendário romano. Moveu janeiro e fevereiro para o começo do ano e adicionou 10 dias ao ano para chegar ao total de 365 dias. O mês Quintilis passou a se chamar Julius (Julho) e ganhou um dia extra, 31, em homenagem ao então imperador. Fevereiro ficou com 29 dias. Três décadas mais tarde, em 8 a.C, o nome do oitavo mês, Sextilis, foi trocado para Augustus, para homenagear o importador César Augusto. Mas Augustus tinha só 30 dias enquanto Julho tinha 31. O imperador da época determinou então que seu mês tivesse 31 dias, para ficar em pé de igualdade com césar. Setembro ficou com 30 dias depois dessa mudança.

E, como o ano é um pouco maior do que esse número redondo (0,242 dia, para sermos exatos) ele também adicionou um dia extra a cada 4 anos. No entanto, eles o adicionaram entre os dias 23 e 24 de fevereiro. Muito tempo depois uma nova reforma teria sido feita para oficializar o dia extra no fim de fevereiro – dia 29 nos anos bissextos.