16/MAIO – DIA DO GARI

Publicado: 15/05/2020 em MENSAGENS

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O dia do gari é um dia de reconhecimento, de gratidão pelo empenho que cada um desses profissionais tem em deixar nossas ruas, casas, praias, praças limpas, bem cuidadas e representando aquilo que nosso município, estado, país tem de melhor.

O intuito de falar sobre a importância de se reconhecer essa função tão digna é de que as vezes esquecemos, realmente, quem são os responsáveis por fazer nossos dias serem mais lindos e limpos. A maioria dos brasileiros – e até mesmos muitos dos que trabalham no setor – desconhecem como eles foram incorporados ao dia-a-dia pela população.

O gari – ou profissional conservador de limpeza e vias públicas – trabalha no setor de infraestrutura do município. Suas atribuições são: a limpeza pública, desde varrimento de ruas, até a coleta de resíduos, lixo orgânico, lixo reciclável e bota-fora, limpeza das bocas de lobo, campinas e córregos.

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Desde os períodos mais remotos, a formação dos grandes centros urbanos fez com que a produção de lixo se tornasse um dos mais importantes problemas das cidades. Afinal, tendo a capacidade de agrupar grandes coletivos, as cidades geram uma capacidade de consumo e produção de restos que tornam o lixo um incômodo que interfere no cotidiano, na saúde e na própria estética urbana.

Na Antiguidade, existem relatos que a cidade de Roma, mesmo contendo sistema de esgoto, era marcada por ruas onde o lixo era lançado na porta das casas. Na Baixa Idade Média, as péssimas condições de higiene e a presença de lixo e esgoto a céu aberto facilitaram enormemente a proliferação da temida Peste Negra. No início da Idade Moderna, a situação não avançou de forma significativa.

 

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O problema do lixo urbano, por incrível que pareça, só passou a ser tratado pelas autoridades públicas há pouco mais de cem anos. No ano de 1884, Eugène Poubelle, então prefeito da cidade de Paris, estabeleceu um decreto obrigando que os donos de prédios fornecessem latas de lixo aos locatários dos apartamentos e salas. Em reação à novidade imposta pelo prefeito, os parisienses passaram a chamar suas primeiras latas de lixo de “boîtes Poubelle”, o que em português significaria “latas de Poubelle”.

Essa primeira ação foi o início de outros projetos de limpeza urbana que passaram a fornecer melhores condições higiênicas às cidades. No Brasil, as ações iniciais de limpeza das vias públicas aparecem na época do governo imperial. No ano de 1830, uma lei da capital imperial estipulava que houvesse o “desempachamento” das ruas da cidade. No caso, além de retirar o lixo, a lei de natureza “higiênica” determinava que as mesmas ruas fossem livradas dos mendigos, loucos, desempregados e outros animais ferozes.

Uma das primeiras ações organizadas para o serviço de recolhimento do lixo urbano apareceu no Brasil quando o governo imperial contratou o francês Pedro Aleixo Gary, primeira pessoa a assinar uma contrato de Limpeza pública com o Ministério Imperial, organizando assim, a partir do dia 11 de outubro de 1876, a remoção de lixo das casas e praias do Rio de Janeiro. Vencido o contrato, em 1891, entrou seu primo, Luciano Gary. Um ano após, a empresa foi extinta e inaugurada a Superintendência de Limpeza Pública e Particular da cidade, realizando um trabalho muito aquém do proposto em termos de limpeza pública.

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Os cariocas se acostumaram com esse trabalho e sempre mandavam chamar a “turma do Gari” para executá-lo. Aos poucos e de tanto repeti-lo, a população da cidade associou o sobrenome de Aleixo Gari aos funcionários que cuidam da limpeza das ruas. Assim, o nome gari se espalhou para o restante do País. Em homenagem a ele a Comlurb mantém em Campo Grande, no Rio de Janeiro, uma fábrica de utensílio para limpeza urbana que leva o nome de fábrica Aleixo Gari.

No início da década de 70, havia carência de mão-de-obra masculina em São Paulo para serviços de varrição, já que os melhores profissionais eram requisitados pelas empresas responsáveis pela construção do metrô.

Naquela época, o então gerente da filial Piracicaba, José Mauro Porto, foi designado pela diretoria de Operações da VEGA para incluir as mulheres no serviço de limpeza pública. A experiência pioneira foi feita com absoluto sucesso e, logo em seguida, repetida em outras regiões, na Capital. Antes mesmo de o teste ser feito em São Paulo, havia uma preocupação em encontrar um nome popular que servisse de alternativa aos já tradicionais, como varredora e servente.

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Pensou-se na cor branca, que é sinônimo de limpeza, e na flor, que representa a mulher. Imediatamente, margarida foi considerada o mais adequado, inclusive porque nesse nome está contida a palavra gari. Dias depois, a mídia e a sociedade em geral aceitaram – e elogiaram – o ingresso da mulher na nova atividade profissional junto com seu apelido de trabalho.

Em termos culturais, o ofício de coletor de lixo foi por muito tempo desacreditado em terras brasileiras. Não raro, temos pessoas que reconhecem os garis como profissionais que exercem uma atividade de pouco prestígio ou importância. Atualmente, tendo em vista as campanhas de conscientização ambiental e o agravo do problema gerado pelos “lixões”, a ação dos garis é de grande importância para que realizemos a separação e reciclagem dos rejeitos que nós produzimos.

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