Em Pernambuco, o Carnaval reúne diversos tipos de manifestações culturais. Entre maracatu, frevos e shows de grandes artistas, estão as tradicionais agremiações. Para entrar no clima da folia, conheça um pouco mais sobre a história de uma dessas agremiações o Bloco Carnavalesco Misto Batuta de São José.
É uma das agremiações tradicionais que desfilam no Carnaval de Pernambuco. Em sua primeira reunião, contou com uma ajuda da Igreja para se organizar.
Foi fundado no dia 5 de junho de 1932, no Pátio de São Pedro, n.33, (Recife), com uma festa animada pela banda do 21º Batalhão de Caçadores.
Surgiu como uma dissidência do Batutas da Boa Vista e é o mais antigo bloco carnavalesco misto em atividade ininterrupta do Recife.
A história do bloco foi contada através das músicas do compositor e carnavalesco João Santiago dos Reis, que se inspirou no dia-a-dia da agremiação. Personagens importantes da agremiação foram homenageados por ele como o fundador Augusto Bandeira, na música A vitória é nossa; Edite, figura obrigatória da ala feminina do bloco, em Edite e o cordão; Osmundo, um barbeiro que sempre foi o reco-reco de ouro do bloco, lembrado na músicaReminiscência; Levino Ferreira, um dos mais importantes compositores de frevos-de-rua do carnaval de Pernambuco, em Escuta Levino.
O maior sucesso comercial do Batutas, no entanto, foi a música Você sabe lá o que é isso, também de autoria de João Santiago, feita para o carnaval de 1952 e que ficou conhecida como o hino do bloco:
Eu quero entrar na folia, meu bem
Você sabe lá o que é isso
Batutas de São José, isso é
Parece que tem feitiço
Batutas tem atrações que,
Ninguém pode resistir
Um frevo desses bem faz,
Demais a gente se distinguir
Deixe o frevo rolar
Eu só quero saber, se você vai brincar
Ah! Meu bem sem você não há carnaval
Vamos cair no passo e a vida gozar.
Passaram pelo bloco, além de João Santiago e Levino Ferreira, outros grandes compositores como Edgard Moraes, Nelson Ferreira e Álvaro Alvim.
João Santiago dirigiu a orquestra Jazz do Batutas de São José, em 1958. A partir de 1959, passou a comandá-la o maestro Mário Guedes da Silva.
Hoje, o bloco é frequentado e administrado apenas por antigos sócios. A juventude o esqueceu, não colabora mais.
A sede atual fica localizada no bairro de Afogados e suas únicas fontes de renda são os bailes realizados aos domingos e uma verba de ajuda de custo recebida da Prefeitura da Cidade do Recife
A falta de maior incentivo do poder público, dívidas trabalhistas, além do abandono da maioria dos sócios beneméritos colocam em risco a sobrevivência da agremiação, de tantas tradições e contribuições ao carnaval recifense e à cultura pernambucana.